Vício
“s.m. deformidade, imperfeição, defeito
físico ou moral.”
(Caldas Aulete).
VÍCIOS
Os vícios são as ações que tendem para mal. Allan
Kardec diz: "Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas,
não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na
Terra". O animal, por exemplo, só come para preservar a sua vida; o homem,
dotado de inteligência, come mais com os olhos do que com a boca. O vício surge
não pelo fato de atender a necessidades, mas no excesso que com que se atende a
necessidades. Há um ditado que diz: "devemos comer para viver e não viver
para comer". Nesse sentido, a pessoa que se alimenta em demasia acaba se
tornando glutão, o que lhe impede de estar bem com o seu físico. O mesmo se diz
daquele que se excede nas bebidas alcoólicas, na sexualidade etc. É preciso,
pois, relembrar que todos sofreremos as conseqüências de nossas ações, quer
sejam boas ou más. (Kardec, 1975, cap. III)
Os
vícios podem ser físicos ou morais. Entre os primeiros estão:
1.
fumar,
2.
beber,
3.
usar drogas,
4.
a gula,
5.
o jogo,
6.
o sexo.
Entre
os segundos:
1.
avareza,
2.
ciúme,
3.
egoísmo,
4.
impaciência,
5.
intolerância,
6.
inveja,
7.
maledicência,
8.
negligência,
9.
ociosidade.
10. ódio,
11. orgulho,
12. personalismo,
13. vaidade,
Aurélio, o define também
como “...inclinação para o mal (Nesta acepção, opõe-se a virtude)”.
A dolorosa enumeração contém razões
suficientes para que se eduque o homem, para libertá-lo de todos os vícios que
o escravizam à dor, à penúria material e moral. E ninguém o fará por nós. É
tarefa da sociedade como um todo. Mas aos pais e aos educadores cabe a parcela
maior, pois lhes compete moldar-lhes o caráter.
Muitos deles levam à prisão, à
sarjeta, à morte prematura, à perda da dignidade, às tragédias. Mas todos, sem
exceção, conduzem suas vítimas à infelicidade, à doença, ao sofrimento, à
angústia, à amargura. E, quase sempre, aos familiares, eis que alguns seguem os
maus exemplos observados. Há, no caso, um processo de deseducação, ainda que
inconsciente. O egoísmo de quem busca saciar suas paixões não o deixa perceber
os danos que causa aos circunstantes.
RECUPERAÇÃO: Na questão 909 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec propõe aos
Espíritos:
“Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más
inclinações?
Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade.Ah! quão poucos dentre vós fazem esforços!” (Grifamos).
E na Questão 913:
“(...) Estudai todos os vícios e vereis
que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não
chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes
houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim,
porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade.”4
André Luiz informa-nos que “...o álcool... embriaga e aniquila os
centros da vida física.”5 e que a Natureza esvaziará o cálice das ilusões das criaturas, pois há
mil processos de reajuste para todos: a aflição, o desencanto, o cansaço, o
tédio, o sofrimento, o cárcere e outros. Quando não surtem efeitos, há “a
prisão regeneradora”:
“Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para
as almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia,
a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de
nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e que
podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde o berço, em plena
fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura prodigalizam
bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem...”6
VÍCIOS E OBSESSÃO:
Desencarnados, escravos dos mais variados tóxicos saciam seus desejos
através dos encarnados, vampirizando-os, quando estes acham que estão a beber,
a fumar, ou a usar drogas só para si. Fazem-no para multidões invisíveis aos
nossos olhos:
“Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de
triste feição se demoravam expectantes. Alguns sorviam as baforadas de fumo
arremessadas ao ar (...) Outras aspiravam o hálito de alcoólatras
impenitentes.”6
FUGA: Falando de Espíritos
desencarnados perturbadores que vampirizam as criaturas invigilantes que se
entregam às mais extravagantes paixões e viciações, André Luiz registra o que
diz o mentor Calderaro:
“Quanto a estes infortunados, que fazer senão recomendá-los ao Divino
Poder? Tentam igualmente a fuga impossível de si mesmos. Alucinados, apenas adiam o terrível minuto de auto-reconhecimento, que
chega sempre, quando menos esperam, através dos mil processos da dor, esgotados os recursos do amor divino, que o Supremo Pai nos oferece a todos. A mente deles também está
apegada aos instintos primitivos, e, frágeis e hesitantes, receiam a
responsabilidade do trabalho da regeneração.”7 (Grifamos.)
“Diante dos próprios conflitos, não tente beber
ou dopar-se, buscando fugir da própria mente, porque de toda ausência indébita
você voltará aos estragos ou necessidades que haja criado no mundo íntimo, a
fim de saná-los.”8 (Destacamos.)
O consumo de drogas assume proporções gigantescas, nos dias atuais. O
vício grassa tanto em países ricos quanto nos pobres; no meio das mais diversas
camadas sociais. Parece não haver fronteiras para o mal, que mobiliza recursos
vultosos, em todo o mundo. A insensatez e a ousadia de traficantes não têm
limites. Diariamente jornais e noticiários da televisão focalizam suas ações e
as da polícia. E a essa tragédia humana, veio somar-se a AIDS.
Só a conscientização, sobretudo dos jovens, pode libertá-los desse
flagelo, mal aparentemente indomável.
A oração é outro meio eficaz, embora lento — na avaliação de nosso
imediatismo — para a cura de todos os vícios. Não só beneficia as vítimas, como
fortalece as famílias, seja concedendo-lhes paciência, seja inspirando-as nos
caminhos a seguir, no dia-a-dia, para que se tornem arrimo dos caídos, a elas
vinculados.
No livro “Vozes do Grande Além”, no capítulo intitulado Alcoólatra, um Espírito compara o alcoolismo a um incêndio devastador e dá seu
depoimento das tragédias que vivenciou, dos sofrimentos que experimenta na
própria recuperação, e fala das preces, recursos extraordinários que lhe
permitiram despertar para a vida:
“(...) até que mãos fraternas me
trouxeram à bênção da oração (...) (...) pelos talentos da prece, aplacaram-me
a sede, ofertando-me água pura (...)”.
E diz ainda:
“(...) ofereço-vos o triste exemplo de meu caso particular para
escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na
hora de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o
desequilíbrio e para a morte (...)”9 (Destacamos.)
O Culto do Evangelho no Lar é recurso importante nessa campanha em favor
da liberdade espiritual, pelos reconhecidos benefícios que dele resultam para
Espíritos dos dois planos da vida. A ele deve-se somar outras ações que
objetivem recuperar os caídos.
A ação educativa e moralizadora que a Doutrina Espírita pode exercer
sobre as famílias, máxime sobre a juventude, é instrumento libertador que está
nas mãos do Movimento Espírita. E o Centro Espírita, como célula viva desse
movimento, detém a parcela maior dessas responsabilidades. E a nós, que muito
temos sido beneficiados por essa Doutrina de Amor, cabe-nos atitude vigilante
de esclarecimento permanente à comunidade, sobretudo da mocidade, além de
apoiar as famílias que já sofram os efeitos maléficos de todas as drogas.
Essa tragédia que ora envolve parcela elevada dos Espíritos vinculados à
Terra é fruto da poluição invisível aos olhos desatentos, provocada por mentes
enfermas de encarnados e desencarnados, a prender em seus horríveis tentáculos
criaturas invigilantes, inconscientes dos efeitos perversos de suas ações,
sobretudo do elevado preço a pagar, no longo caminho da volta ao reequilíbrio,
que um dia, cedo ou tarde, a custo de muitas lágrimas, terão todos que
percorrer.
Referências
Bibliográficas:
1. Repositório de Sabedoria, do livro Após a
Tempestade, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco, 57, 1ª ed. Livraria Espírita Alvorada, Salvador,
1980.
2. Cartas e Crônicas, Irmão X/Francisco C. Xavier, 7ª ed. FEB, Rio, 1988.
3. Entre a Terra e o Céu, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 78, 6ª ed. FEB, Rio, 1978.
4. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 50ª ed. FEB, Rio, 1980;.
5. Missionários da Luz, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 102, 12 ed. FEB, Rio, 1979.
6. Nos Domínios da Mediunidade, André
Luiz/Francisco C. Xavier, págs. 139/40 e 138, 9ª ed., FEB, Rio, 1979.
7. No Mundo Maior, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 195, 8ª ed. FEB, Rio, 1979.
8. Coragem, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 52, 19ª ed. CEC, Uberaba, 1990.
9. Vozes do Grande Além, Diversos Espíritos/Francisco C.Xavier, pág. 125, 2ª ed. FEB, Rio, 1974.



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